sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Como cães e gatos...



Mulheres são capazes de fazer de um tudo com um homem. Sobretudo, com um homem apaixonado.

Algumas nos fazem rir, outras nos fazem chorar. Tem aquelas que nos fazem pensar e também as que conseguem fazer-nos mudar idéias e atitudes.

Mulheres podem fazer um homem subir pelas paredes ou beijar o chão. Com elas, nos sentimos ora confiantes e fortes, ora carentes, como crianças de colo.

Difícil entender que elas não são tão poderosas assim. Apenas têm a chave para tirar dos pobres homens aquilo que escondemos nas conversas de macho, nas mentiras de menino.

Mulher é gato, homem é cachorro. Nas brigas, isso fica muito claro. Batemos forte. Elas esticam as unhas e só atacam onde dói.

Em tempos de paz também essa característica aparece. Abanamos o rabo no primeiro aceno, tolos e contentes. Elas nos olham de lado para arrancar o que querem, quando querem...
Mas algumas mulheres, só algumas, são capazes de lidar com o melhor lado do seu  homem.

O leitor XY sabe do que falo. Elas nos enxergam com se vissem com os nossos olhos a melhor imagem que temos de nós mesmos.

Nesse momento, somos os melhores do mundo!!! Verdadeiros superhomens, tamanha a força que nem sabíamos que tínhamos. Realizamos feitos inacreditáveis...

Mas, poucas, pouquíssimas mulheres, são capazes de tudo isso ao mesmo tempo.

Essas chegam para mudar sua vida, como catalisadoras de uma reação que estava com a mistura pronta, com todos os ingredientes dosados, mas seguia lenta e quase sem efeito. Uma gota e buummmm!!!! Sua vida vira ao avesso para que encontre a melhor direção a seguir.

Mesmo tão fortes e mágicas, num certo sentido, como bons gatinhos, mulheres têm uma necessidade atávica de proteção. Precisam estender as garras e encontrar um apoio, um porto seguro, nem que seja apenas para dormir recostadas, de conchinha, claro.

Bombas hormonais, esses gatos se irritam sem aviso, explodem e saem distribuindo arranhadas e mordidas sem grandes motivações.... Afe, como dói... Mas, não é sério, não é verdade. É só um momento. Bons cachorros que somos, compreendemos isso.

Em troca da energia, daqueles saltos inacreditáveis e do olhar cândido que nos diz o quanto somos incríveis, esses gatos transformadores pedem apenas que fiquemos atentos, que saibamos ouvi-los, mesmo sem entendê-los.... Afinal, cachorros não foram feitos para entender coisa alguma!

Nós, de outro lado, enterramos nossos ossos e ficamos rondando, à procura de lembranças e brinquedos que perdemos nos jardins da vida. Nos apegamos a tudo e todos sem medir intenções e gestos. Eles, os gatos, nos ensinam a viver o hoje e olhar para enxergar, com olhos de felinos, de longo alcance.

Como cães e gatos, procuramos cada qual um espelho, um oposto que nos ajude a descobrir aquilo que sozinhos dificilmente conseguiríamos.

Paradoxalmente, procuramos a reciprocidade de mamíferos que somos, carentes de calor, aconchego, uma boa toca, um prato de leite e um lugar quente e confortável para iniciar e terminar nossos dias, nossas noites, nossas vidas.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Protejam os anzóis!




Cresci em um loteamento no Guarujá, próximo à praia do Perequê. Era um lugar mágico, com ruas de terra batida, cercado de morros, bichos e plantas.

Lá, meu avô João e meu pai construíram uma casa avarandada de tijolos a vista, onde vivi o melhor da minha vida.

Nos dias de verão, vô João levantava cedo para preparar a pescaria. Passava horas montando as varas com um cuidado de fazer gosto. Linha, bóia, chumbada e anzol....

Ao final de cada vara queimava o nó de marinheiro perto do anzol com a ponta do seu cigarro (LS, se não me engano...). Depois, amarrava trapinhos de pano sobre as pontas, para evitar que as crianças machucassem as mãos, no caminho até canal.

Logo ele, que era rei em prender os dedos em portas e se cortar com facas e ferramentas, repetia aquele ritual com a cautela de um monge.

O velho João era um homem simples de poucas palavras e carinhos. Um metalúrgico que enfrentou a guerra e a depressão e deixou para as filhas uma casa pequena, com banheiro do lado de fora e um poço no quintal.

Éramos pelo menos umas 20 crianças entre primos, vizinhos e amigos – muitos amigos. Seguíamos a estrada caminhando pelo acostamento até aquela ponte onde nos aglomerávamos, em busca de manjubas fáceis de pescar.

João permanecia com sua varinha em um canto que era só dele e adorava fisgar peixes mais graúdos com os quais brigava levando a linha de um lado para o outro e sorrindo orgulhoso.
Ao final, dava a ordem para enrolar a linha no bambu.

-          Protejam os anzóis, que não quero ver ninguém machucado – dizia meu avô.

Em casa, vô Neta preparava a fritada e todos comíamos contando mentiras sobre o número de peixes pescados.

Com meu avô aprendi essa e outras lições simples de integridade e cuidado com as pessoas. Ainda amarro os meus trapinhos para evitar que a minha filha machuque as mãos.

Cuidar e proteger são verbos que perderam a vez no vocabulário contemporâneo. Vozes alteradas, palavras duras, desmesuras e grosserias de toda ordem permeiam a sociedade de uma forma desconcertante.

Ninguém cuida de ninguém. Vivemos em um mundo deselegante com pontas de anzóis espalhadas por todo lado e pessoas se transformando em armadilhas humanas, prestes a fisgar almas desprevenidas.

Meu avô tinha uma elegância toda própria. Cuidadoso e gentil, ensinou-me que o cavalheirismo é um prazer, um jeito de ser, não um capricho, tampouco um fardo.

Vez ou outra, vô João visita os meus sonhos e repete a lição!

-          Protejam os anzóis!

Obrigado, meu avô e que Deus nos proteja a todos!!!

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Marcão, irmão, ão....




Marcão sempre foi Marcão. Mesmo menor, mais tímido, mais magro, Marcos é ‘ão’ e não tem vocação pra ‘inho’. Valter é mais velho, mas vai morrer Valtinho. Eu sou Roninho, desde sempre. Mas o Marcos é - e sempre será - Marcão. E não é pra menos... 

Marcão é um sujeito que sabe fazer-se grande na vida das pessoas. Chega a ser difícil dizer quando Marcos precisa da gente e quando nós precisamos do Marcos.

O garoto franzino, conta minha mãe, sempre inspirou cuidados. Bem cedo, uma febre fez-lhe estrábico. Para corrigir o problema teve de ficar por muito tempo com os olhos tapados. Usando frutas, palitos e outros que tais, Marcos construía seus brinquedos e nos ensinava a todos a enxergar sem ver.

Enquanto Valter crescia firme e bonito, Marcos lutava contra a estatura e praticava esportes para desenvolver o que, para nós, sempre aconteceu naturalmente. Hoje, tem o melhor corpo entre os três. Pode comer e beber de tudo que não engorda. É forte e resistente...

Desde cedo, em uma família marcada pela dispersão, Marcos nos ensinou disciplina e persistência. Sempre olhou o mundo de frente, sonhando pouco e vivendo um dia depois do outro.

Na adolescência, Marcos teve seus momentos de rebeldia e preocupou. Mas nunca deixou a realidade na gaveta e enfrentou esse tempo vencendo um desafio por vez, estudando como eu e Valter nunca fizemos. Passou no vestibular e foi para Campinas...

Mais uma vez, precisou de nós e nós precisamos dele. Lembro-me bem daquela noite. Eu, minha mãe e meu pai corremos para o interior do Estado em busca do filho do meio, sofrendo de pneumonia, com uma lista gigante de remédios já receitados.

Minha mãe também estava com febre, indisposta, e a labirintite começava a perturbá-la. Quando chegamos, Marcos parecia bem ruim.... Mas, no caminho, recuperou a cor, cessou a tosse, enfim, mudou o quadro. No dia seguinte, ambos, ele e minha mãe, estavam bem.

Era o momento de aprender a viver sem aquele sujeito e entender que, mesmo distante, ele continuaria perto, muito perto.

Marcos nunca foi chegado a abraços, beijos e dengos. É bravo que só e demonstra carinho de outro jeito. Aprendeu com outro ‘ão’, o vô João, que não há maior amor do que a dedicação àqueles que amamos. Aprendeu e nos ensinou nos anos que seguiram...

Quando meu pai perdeu tudo pela quarta ou quinta vez, foi Marcão quem virou a mesa. Montou uma empresa do nada e assumiu o comando da família. Lá também trabalhei e conheci o irmão-chefe e exigente...

A empresa declinou e Marcão permitiu que o negócio chegasse ao fim com dignidade, como a última ocupação do meu pai, antes de partir.


Ainda lembro bem de quando Marcos conheceu Elaine, a menina com rodinhas nos pés. Persistente, não desistiu até conquistá-la. Mobilizamos o mundo para provocar um encontro entre os pombinhos e assim foi.


Apaixonado, aquele sujeito carrancudo mudou. Ficou mais doce, paciente e exercitou sua dedicação com a mulher amada. Continuou mandão, mas sempre atencioso e cheio de galanteios.


Comigo, Marcos foi só cuidados, desde que me conheço por gente. Diz a lenda que, até o meu nascimento, me jurava de morte, aquela criança ciumenta. Foi só o irmão aparecer, para Marcos assumir o papel de babá e babão, antecipando o pai incrível que seria.

Era ele o irmão que me ajudava nas tarefas escolares. Sempre interessado, perguntava sobre meus estudos, minha vida, meus sonhos.  O tempo passou e Marcão continuou ao meu lado, me amparando nas venturas e desventuras.

Vi esse sujeito ligado a aparelhos, na frieza de uma UTI. Ali precisava de tudo e todos, mas nada podíamos fazer. Fiquei pensando o que Marcos nos ensinaria dessa vez. E por que, novamente, precisávamos dele.

Talvez naquele estado tentasse nos dizer que nada na vida é fácil. Tudo tem o seu preço e sua dose de sacrifício.

O fato é que Marcos está bem e mais ‘ão’ do que nunca. Melhor ainda: está mais bonito e promete dar trabalho depois dos 50...

E nós, continuamos aqui, achando que um dia ele pode precisar da nossa força. E sempre com a certeza que podemos contar com ele!!!!


com participação ortofotográfica de Priscila Machado Melo

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O apagão, o silêncio e o grito (*)



(*) Escrito em novembro de 2009, após o apagão... 

Ontem recusei dois convites. Uma amiga solidária me chamou para uma pizza e meu irmão, para o boteco de sempre.

Queria ir pra casa e escalar a Montanha Mágica, de Thomas Mann, para encontrar lá em cima meus amigos Hans Castorp e Sr. Setembrini – companheiros desse ano não menos mágico que tenho vivido. Queria ouvir Beethoven e dormir com o livro no peito.

Depois de uma salada, separei o CD e..... a luz piscou, piscou, apagou....

Rapidamente, na escola em frente ao meu prédio, os alunos fizeram a maior algazarra...

Ascendi algumas velas que restaram de uma noite inesquecível, servi uma dose da minha melhor cachaça e deitei-me no sofá, atento aos pequenos ruídos....

Adormeci rápido e só despertei com um telefonema da minha mãe informando sobre o tamanho do apagão.

Preocupado, repassei a notícia para aqueles que importam e poderiam correr riscos, com a falta de informação que a eletricidade interrompeu.

Depois de outro telefonema carinhoso, deitei-me novamente, com o sono roubado e mergulhei em lembranças.

Voltei aos meus 16 anos, em uma expedição no PETAR – Parque Ecológico e Turístico do Alto Ribeira (nunca esqueci essa sigla...).

Nesse lugar repousam cavernas in natura, patrimônio natural dos mais belos.

Viajei com a turma do colégio. Namorava uma certa Pagu, cujo nome não me lembro, mas o apelido e a personalidade remetem à musa revolucionária dos modernistas.

-   Tenho esse defeito – pensei – desde cedo me apaixono por mulheres fortes.

Na caverna de Santana, o espeliológo que nos guiava, um certo Zuquim, propôs que desligássemos os lampiões de carbureto e nos afastássemos fisicamente para um minuto de silêncio.

Não era necessário fechar os olhos porque, na escuridão da caverna, olhos fechados ou abertos não fazem a menor diferença.

Eu e Pagu descruzamos as mãos e silenciamos. Segundos depois, um grito rompeu o silêncio. Com os lampiões acesos novamente, o guia revelou que nunca conseguira um minuto de silêncio, em mais de cem expedições como aquela.

-       Ficar só, absolutamente só, é muito difícil – concluiu o sujeito. Não suportamos tamanha introspecção.

Voltando à minha escuridão particular, resolvi refazer o exercício.

-  Me gustas cuando callas porque estás como ausente, diria Neruda.

Silenciei o cérebro, apaguei tudo, tudo mesmo... apenas por um minuto. O barulho dos carros foi desaparecendo e tudo foi ficando estranhamente escuro e suave, como aquela caverna.
Lá estava eu, sozinho, novamente..

Desta vez não havia amigos, Pagu e nem a certeza da volta ao acampamento, do violão e a fogueira. Mais de 20 anos separavam as duas noites. As ilusões ficaram todas na caverna. Mas muitos sonhos sobreviveram.

Se pudesse, faria tudo outra vez, cem vezes... Não porque sempre fui feliz, mas porque vivi demais e intensamente entre uma noite e outra. Porque sou o resultado dessa longa viagem.
Entre o silêncio total e o sono que veio em seguida consegui, como poucas vezes, ouvi a voz da minha alma.

E acredite, caro leitor, acredite:

Ela grita!!!!!!!!

domingo, 4 de setembro de 2011

Porquinho de Colónia



Sempre gostei da idéia de freqüentar lugares. Gosto de lugares, às vezes, mais do que pessoas. Pedaços de chão têm mais energia do que muita gente sem graça.
Na minha infância, minha mãe apelidou-me de “porquinho de colónia”. O acento é esse mesmo, porque a palavra era pronunciada com um sotaque muito particular da cidade onde nasci, São Caetano do Sul.
São Caetano Di Thieni – nome de fundação – é um pedacinho de chão na Grande São Paulo com enorme densidade demográfica e uma das mais expressivas comunidades italianas do Brasil.
Lá, ônibus é ónibus, colônia é colónia, novela é drama, Antonieta é Tune e Ronald é RRRoninho...
Os colonos que fundaram São Caetano criavam porcos e, alguns deles, ganhavam status de animais de estimação, vagando de casa em casa. Não havia quem tivesse coragem de abater os tais porquinhos... Pelo contrário! Todos alimentavam os animais, tratados como os cães e gatos de hoje.
O porquinho de colónia não tinha morada fixa e adorava freqüentar lugares... De fato, sou um pouco assim.
Frenquentei muito a casa “dos carecas” no Guarujá. Um lugar bonito, com um lindo jardim e churrascos quase diários. Até hoje, não sei bem quem eram aqueles caras, mas eles gostavam da idéia do moleque engraçado, participando de tudo.
A casa de André Luis da Silva Barros, amigo de infância, também era muito especial pra mim. Um lugar enorme, com um quintal de terra batida. O sujeito, amigo de infância, promovia festas de aniversário memoráveis, com Lucia, sua irmã, ao piano.
Mais tarde, passei a freqüentar parques, cinemas, museus... O Centro Cultural Vergueiro guarda uma boa memória. Uma biblioteca linda, moderna, em concreto armado e aquele anfiteatro onde acontecia a semana Elis Regina – delícia ouvir João Bosco, ao vivo e de graça.
Mas foi na minha adolescência que, de fato, comecei a freqüentar os lugares que marcaram a minha vida e deram forma ao adulto que sou hoje: os bons botequins....
Desde o bar do Zé em frente ao Colégio Tabajara – cujo nome foi devidamente solapado pelas piadas televisivas – passando pelo bar do Tigrão – dono de uma deliciosa receita de caldo de mocotó – até o bar copo gelado – cujo nome não me lembro, onde descobri as vantagens de manter tulipas dentro do freezer.
Depois foi a vez do Fama, um karaokê na rua Jamaris, em Moema. Um lugar cafona, cheio de gente que achava que sabia cantar. Pudim era o apelido do DJ. Esse sujeito, sim, cantava lindamente e, quando pegava o microfone, espantava os aventureiros. 
Cada freqüentador tinha a sua música predileta. A minha era Wave. Por sorte, não mantenho contato com companheiros daquele lugar que pudessem recordar esse meu lado “artístico”.
Pelas graças do meu irmão mais velho, descobri o Shampoo, uma danceteria típica dos anos 80, com mulheres que usavam ombreiras e homens com hormônios descontrolados. Símbolo do lugar, o drink Lagoa Azul manchava camisas e línguas e provocava um desconforto muito particular no dia seguinte.
Aos 19 anos, mudei de casa e de ritmo. Fui para a Toca do Coelho, um sambão com pagode de mesa. Lá, conheci Jussara, mulata linda, que um dia me disse:
- Vem cá branquinho que eu te ensino a sambar.
Lustrava meus sapatos, metia um chapéu de bamba e caía no samba.... Tempo lindo, esse...
Saí da Toca e freqüentei outros tantos lugares.... Sempre tratado pelo nome, com distinção, carinho e respeito.
A palavra do garçom, a gentileza do maitre, o carinho dos companheiros de copo...
Mais recentemente, dois lugares ganharam um significado especial pra mim. O Piratininga, bar da Vila Madalena, é um deles. O bom Raimundo nos recebe a todos com sua boina italiana... Garçon cheio de charme, bons conselhos e um jeitão de pai.
No balcão, Passarinho, sujeito habilidoso, autor de uma marguerita deliciosa que usa um panamá de aba redonda.  Tem também o Pelé, garçom que guarda nas mangas sugestões especiais e cuidados... nunca deixa o copo esvaziar. No caixa, Lena. Figura quase paranormal escondida em um nicho sob a escada percebe e registra cada movimento
O melhor  do bar, Olmair Raposo, músico de qualidade – raridade na noite paulistana – percorre os dedos no seu piano como se o amanhã não existisse. Na minha chegada, entoa Luísa, de Tom Jobim, em homenagem à minha pequena.
Lá conheci Priscila, em uma doce confusão com um certo Renatinho, músico das relações de Olmair que iria comemorar dois anos de música, à frente daquele piano retrô.
Ela disse:
Renatinho!!! – com olhar surpreso.
Não me contive e inventei uma história. Falei que era amigo do cara e tudo mais.... Na noite seguinte, lá estava minha Priscila, minha princesa. Renatinho também...
Por ela me apaixonei, mas isso só foi possível porque tive a coragem de freqüentar aquele lugar. Fazer-me conhecido, amigo, pontual... De algum modo, conquistar o coração de Priscila e daquela gente bacana que dá cor e luz às noites de terça e quarta, na Vila Madalena.
O mesmo bairro, tocou meu coração dia desses. Um certo Julinho, sujeito simpático de fala mansa e gentil abriu seu canto. Ele mora na sobreloja do próprio bar... Quanta inveja, para um boêmio...
Julinho tem uma campainha à porta e pergunta aos freqüentadores:
- Quem é?
Isso mesmo! A síntese da idéia de freqüentar! Ser reconhecido, e só entrar quando lhe é permitido!
No Julinho Clube, rola um samba de primeira, gente bacana e honesta, cerveja gelada e comidinhas gostosas. Mas isso, tem em todo lugar.
O que importa é que no Julinho, o negócio é freqüentar! Disso eu entendo e gosto!
Palavra de porquinho de colónia!!!!