Elis Regina morreu aos 36 anos. Lembro-me daquele 19 de
janeiro de 1982 como se fosse hoje. Mas, confesso, passados 30 anos, fico
impressionado como a diva da MPB parecia tão mais madura nos seus últimos
momentos. Elis fez parte de uma geração
de mulheres que aceitava o tempo, suas marcas, seus efeitos...
A Pimentinha cantou seu hoje, suas dores, seus sonhos.
Defendeu a liberdade, gritou pelo direito de ser mulher, de viver e transformar!
Herdeira das vozes do rádio, Elis
cantava firme para o futuro, sem esperar resposta.
Quando cantou Atrás da Porta, de Chico Buarque, mesclando a
voz mais afinada de todos os tempos com o seu pranto mais honesto, não estava
preocupada com rugas e nem com as marcas de expressão! Pelo contrário:
expressão era seu nome e sobrenome!
Custo a entender o que faz uma mulher expor o próprio rosto
a uma intervenção cirúrgica, após os 40 ou 50 anos de vida. Aquela figura que
surgiu anos a fio diante do espelho toda a manhã, de uma hora para outra, passa
a ser outra, esticada, esturricada, modificada!
E o tal do botox? Está produzindo um país de criaturas
congeladas. Mulheres que não modificam a expressão nem quando riem, tampouco
quando choram. Que não expressam curiosidade para não enrugar a testa. Que
escondem o que sentem para sair bem na foto.
Alguém precisa dizer que essas senhoras que desfilam as faces
botocadas pelas páginas da Caras são feias, tristes e fisicamente desonestas!
Sim, isso mesmo, essa é uma questão de honestidade!
Quero uma mulher capaz de demonstrar o que sente. Quero
saber pelo canto do seu olho, pelas linhas da sua face, que o meu amor está
feliz ou triste.
Quero poder reagir e cobrir minha amada de flores e carinhos
para depois, perceber aos poucos, com a sua expressão mais honesta, a mudança
do seu estado de espírito.
Quero acordar ao lado de uma mulher cujo corpo testemunhou o
tempo passar. Quero envelhecer ao lado
de alguém que, como eu, simples e dignamente, envelheceu!
Quero ouvir ao seu lado a voz de Elis profetizando que,
apesar de termos feito tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como
os nossos pais!
MAIS UMA VEZ....PERFEITO!! VALEU RONALD!!
ResponderExcluirValeu meu caro!!!! abração!!!
ResponderExcluirMuito bom , Ronald. Você tem razão: alguém tem que dizer pras botocadas que elas estão feias na revista Caras...Bjão!
ResponderExcluirObrigado, querida! beijos
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